Princípios da marcação à zona

Porque "a zona é liberdade"

Ponto prévio: Não há dúvidas que a marcação zonal é uma uma das características táticas mais interessantes do processo de adaptabilidade de uma equipa.
Longe vão os tempos onde a marcação individual prevalecia, fundamentada pela igualdade numérica a todo o tempo e em todo o espaço.
Hoje, toda a marcação individual é circunstancial e consequência de uma ocupação espacial racional.
É que, a defender à zona (mesmo tendo em conta detalhes estratégicos), é possível manter a organização defensiva coletiva da equipa independentemente do posicionamento de partida do adversário, ou seja, do seu sistema de jogo.
Para além disso, é o constante apelo aos princípios gerais defensivos - contenção, concentração, equilíbrio e coberturas defensivas, associados à intensidade colocada nas basculações, na pressão ao portador da bola e nos desarmes que permitirá retirar espaços de progressão.
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"Sabes qual é a diferença entre um cão guardião e um cão feroz? 
pões um cão feroz á porta da tua casa e vêm dois ladrões. Ao primeiro que se aproxima o cão feroz ladra e atira-se ao ladrão. Ele corre, o cão vai atrás e deixa a porta, o outro ladrão entra e rouba. Pelo contrário, o cão guardião ladra ao primeiro ladrão, mas volta para guardar a porta, não a abandona. O cão guardião é o que marca à zona, o  outro marca ao homem."
 
César Luís Menotti 
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Na imagem pode ver-se como a equipa em processo defensivo (azuis), que joga num sistema de 4-3-3 tenta o equilíbrio numérico no meio campo "puxando" o médio-ala para dentro de forma a fechar o espaço ao médio interior adversário que terá vantagem numérica posicional nessa zona pela utilização do losango de meio campo.

Importante neste caso também a ação do defesa lateral contrário a fechar dentro permitindo que os dois defesas centrais não estejam em igualdade numérica (1x1) numa zona próxima da baliza.

De acordo com Amieiro (2010), podemos sumarizar as características da marcação à zona com os seguintes pontos:
  • Os espaços são a grande referência alvo de marcação;
  • A grande preocupação é fechar “como equipa” os espaços de jogo mais valiosos (próximos da bola) para assim condicionar a equipa adversária;
  • A posição da bola e dos companheiros são as referências de posicionamento;
  • Existência permanente de um sistema de coberturas conseguido pelo escalonamento de várias linhas;
  • Importante pressionar o portador da bola para diminuir tempo e espaço para atuar;

 

Ainda assim ATENÇÃO: A marcação à zona não é toda igual!

Podemos por princípio ou por estratégia definir um posicionamento zonal passivo (1) ou um posicionamento zonal pressionante (2).

O posicionamento zonal passivo "acontece ainda no meio campo defensivo, onde a defesa se encontra equilibrada e recuada no terreno de jogo, com elevada percentagem (80%) dos jogadores colocados atrás da linha da bola sem procura ativa pela posse de bola". (Garganta, 1997).

 

Já o posicionamento zonal pressionante "significa, da mesma forma, um bom jogo posicional, mas com uma iniciativa no sentido de intensificar ao máximo as dificuldades do adversário e de tentar recuperar a bola o mais rapidamente possível". (Mourinho, 2003).

 

Há duas formas de começar uma batalha, perseguindo ou sendo perseguido. A segunda dá-te vantagem, pois a luta dá-se onde tu queres que aconteça.

 

No processo criativo que sustenta o jogo de futebol, ter bem claro como e onde devemos pressionar o nosso adversário é sem dúvida uma arma poderosa. Essa criação parte da observação e desenvolve-se no treino...com o treino...e tem tanto ou mais de estratégico do que de conceptual!

 

Por João Rico- Coach ID

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